sábado, 14 de abril de 2012

11/04/2012 - A grande travessia (parte 1)

Chegamos ao ponto mais crítico da viagem. Teríamos que atravessar três estados em dois dias, mais de 1400Km com poucos pontos de apoio. Boa parte do caminho seria em rípio, pelo deserto.

Estávamos com os 2 carros à meio tanque, mas ainda teríamos duas "estaciones de servicio" e 120Km de asfalto antes do rípio. Ainda em El Chaltén já começamos a ter problemas. O posto estava fechado, e o pessoal do comércio próximo ao posto não sabia se abriria.

Resolvemos tocar para Tres Lagos, fim do asfalto da Ruta 40. Ouvi muito comentário sobre esse posto. Para quem segue pela Ruta de Norte a Sul é como um oásis. Gasolina, lanche, água... Para nós foi um ponto de decisão importante. Não havia nem diesel nem gasolina lá. Que fazer? Arriscar rodar 180Km até Gobernador Gregório ou voltar à El Calafate, abastecer e seguir pelo litoral?

Decidimos abandonar o certo e seguir pelo deserto. Um dos pontos altos da viagem era a travessia da Ruta 40, pelas nossas contas se combustível acabasse seria bem perto da cidade, poderíamos seguir só com um carro e resgatar o outro.

A Argentina parece um grande canteiro de obras, quando você toma como base as estradas. E a Ruta 40 não é exceção. Parece que essa é a última vez que pudemos pegar a estrada de Rípio. Isso acrescentava mais um problema: os desvios nem sempre eram tão bons quanto a estrada em si, que tinha vários trechos fechados para a pavimentação.

Assim seguimos por mais de uma hora e meia, controlando a velocidade para poupar combustível e fazendo vários desvios. Em alguns momentos estávamos na Ruta em si, em outros estávamos em um desvio. De vez em quando a sinalização deixava dúvida e pegávamos um caminho até uma máquina trabalhando. Meia volta e vamos pelo caminho correto.

Gobernador Gregores já estava mapeada. Ficava na metade do caminho do dia, a idéia era parar na saída para a cidade e decidir se seguiríamos ou se iríamos até lá para algum apoio. A possibilidade virou realidade e desviamos 60Km da Ruta em busca de combustível. A RP que nos levava até lá também estava em obras, mas já tinha alguns trechos com asfalto. Isso era bom porque poupava combustível.

O sinal de reserva acendeu com força assim que entrei nessa RP. 60Km, cerca de 8 litros de diesel... Ia dar bem justo, mas bora! Chegamos na cidade no bafo... Foram mais de 72 litros de diesel no tanque da L200 (o nominal é 70 litros, mas sempre encher o cano também).

A diferença entre uma aventura e um desastre está na preparação. Já sabia dessa possibilidade. Já li relato de gente que ficou no caminho por falta de combustível. Sabia que deveria abastecer sempre que visse um posto. E também que deveria levar 20 litros de combustível na caçamba. Estava lá, mas nem precisou ser usado.

Depois de abastecer o carro, fomos nos abastecer. Fomos à um mercado e fizemos um pique-nique no estacionamento dele. Sanduba de presunto cru, suco de laranja (não demos conta de matar os 3 litros da embalagem). Bora voltar pra Ruta!

Pegamos outra RP que também estava em obras. Chegamos a entrar no asfalto indevidamente e passamos "na contra-mão" ao lado de um rolo compressor. Logo voltamos aos desvios da RP. Sempre disse que preferia dirigir em uma estrada ruim do que uma estrada em obras. Essa estrada confirmava meu pensamento.

Chegamos de volta à Ruta 40, um pouco mais ao Norte do que o ponto onde saímos e, surpresa! Nesse ponto estava asfaltada! O asfalto não durou muito, mas percebi outro problema: A L200 estava com um consumo muito alto e também não estava rendendo muito nas subidas. Saímos de um consumo de quase 10Km/l no Brasil, para algo entre 7,5Km/l e 8,5Km/l com o diesel argentino. Pelas minhas contas de cabeça o consumo agora estava perto de 6Km/l.

Seria suficiente para chegar em Perito Moreno, mas a falta de potência me preocupava. Havia também um barulho como que faltasse ar para o motor. Não entendo muito de mecânica, mas logo pensei no filtro de ar. O manual manda trocar com 10.000Km. Rodamos só 7.000Km, mas pegamos muita poeira. Como disse, não entendo disso. Era mais uma esperança de algo simples do que um diagnóstico.

Apesar da falta de potência deixávamos para traz o Corsa Classic que o Helber alugou. Vários fatores contribuíram para isso. O primeiro é que os desvios de rípio ficaram bem piores. O segundo é que o Helber estava no nosso carro, deixou a bucha com o Renan.

Entre Gobernador Gregores e Perito Moreno rodamos quase 300Km e só uma cidade no caminho: Bajo Caracoles. Não precisávamos parar, tocamos para Perito Moreno.

Essa cidade até que é grande, comparada com as cidades dessa região. Conta com 4 hotéis. Mas isso ainda não era suficiente: estavam todos lotados. Fomos até uma pousada e nem precisamos descer. A placa na porta já indicava: completo. Num dos hotéis eu perguntei o porque da lotação e me disseram que muitas empresas estavam na região. Talvez o asfalto (que ainda está a caminho) esteja trazendo progresso à região. Isso é bom, mas naquele momento nos deu mais um problema.

Começamos a procurar vaga nas cabañas. A partir da primeira placa na avenida principal chegamos em uma que estava lotada, que indicou outra, que estava lotada, que indicou a terceira. Essa era nova (tinha um mês), e pela falta de divulgação estava vazia. O preço estava na média, então resolvemos ficar por lá. A opção seria seguir viagem para Rio de Mayo, mas considerando que o grupo estava cansado e lá também poderíamos ter problema com os 2 hotéis da cidade resolvemos ficar.



Apesar da cidade ser um pouco maior, não consegui achar filtro de ar para a L200. Já havia percebido que quase não havia veículos Mitsubishi na Argentina. A Toyota tem supremacia nesse tipo de veículo. Isso era irrelevante até aparecer um problema.

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