Chegamos em Rio de Mayo com pouca quilometragem, mas seria necessário abastecer. O próximo trecho tinha quase 450Km sem muitas cidades no caminho. No posto me indicaram que acharia o filtro de ar no Lubricentro.
Como a L200 não é comum na Argentina, tivemos que abrir o filtro para o "mecânico" comparar o tamanho do filtro com os que ele tinha em estoque. Nenhum batia. Ofereceu uma limpeza com ar comprimido, que nessa altura do campeonato parecia muito bom.
Na reinstalação do filtro um rombo na espuma de isolação do motor me chamou a atenção, e isso chamou a atenção do nosso "mecânico". Ele percebeu um rasgo no cano do turbo, que explicaria a falta de "fuerza en las subidas" que reclamei. Isso sim era muito mais lógico do que filtro de ar sujo. Motores à diesel são, em geral, bem fracos na aceleração: a característica deles é a força. O turbo veio para resolver esse problema, então a falta dele era um problemão para nós.
Daqui pra frente só asfalto, e o remendo fez a diferença. Conseguimos progredir bem, aproveitando a "calzada pavimentada" das duas "Rutas Provinciais" que vinham. Mas o remendo não durou muito. Depois de uns 150Km o carro voltou à performance da véspera.
Isso foi um exercício de paciência, nas subidas. Só via aquela fumaça preta pelo retrovisor, graças ao pedal no fundo, e mesmo assim a velocidade só diminuia. A estrada foi generosa, só houve poucas subidas onde o carro chegou a pedir a segunda marcha. Mas ainda assim nos retardou bastante e nos fez gastar bem mais combustível do que o necessário.
Me senti de volta aos tempos do Fiesta 96, motor 1.0 bem fraco, em que tinha que compensar a velocidade nas descidas, para subir embalado. Estava numa situação bem pior, mas a experiência valeu!
Quanto à estrada, a paisagem similar à muito do que vimos tornava-a meio monótona. Quando pesquisamos o roteito ouvi muita gente falar que a Ruta 40 (interior) era muito melhor que a Ruta 3 (litoral). Achei justamente o contrário. A Ruta 3 tem mais trânsito, mas vimos paisagens mais bonitas, muitas vezes com a ajuda do mar. Apesar do movimento da estrada, os grupos de animais (guanacos, choicos - uma espécie de ema -, caranchos negros - o carcará daqui - e cavalos) e as lebres e raposas aparecem muito mais no litoral do que na Ruta 40.
Talvez o problema tenha sido não pararmos pelo caminho. Los antiguos e Cave de Las manos, nos arredores de Perito Moreno, pareciam ter muito a oferecer. Mas sacrificamos esses passeios por mais dias em outros pontos, assim ficamos com uma impressão de que a Ruta 40 foi só mais uma passagem...
Apesar do problema no turbo a chegada à Esquel foi pouco além do tempo previsto. Esquel é uma cidade grande. Ouvi relatos de quem prefira ela à Bariloche, mas no momento estava muito preocupado em resolver o problema do turbo. A cidade era grande, mas não grande o suficiente para ter uma loja da Mitsubishi.
Indicação após indicação corri as lojas procurando algo que pudesse substituir o cano do turbo. Na quarta loja tivemos uma solução! Era uma auto-peças. Não tinham peças mara a L200, mas tinham um cano de turbo um pouco maior que poderia ser adaptado. Seria um remendo de 340 pesos, mas o cano parecia ser até melhor do que o da L200. Perguntei se o atendente poderia instalar, o que fez com muito gosto depois de autorizado pelo dono da loja.
Nessas horas vemos como os motores não são pensados para facilidade de manutenção. Precisamos desmontar 3 peças para poder tirar o cano do turbo. O cano "novo" precisava ser cortado e era mais rígido do que o da L200 - só dava para errar uma vez, já que da peça nova dava pra fazer 2 da L200.
Saímos de Esquel por volta das 17:30. A volta do turbo já animaria, mas a Ruta 40 ganhou novas formas. Subimos bastante e agora estávamos no meio de um belo vale. A paisagem ganhou ares europeus, com muitos pinheiros e eucaliptos. O problema com o carro e o deserto ficaram para trás. Agora era só curtir a estrada e chegar em Bariloche...
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