sábado, 21 de abril de 2012

18/04/2012 – A travessia de volta

O corpo merecia que o despertador tocasse mais tarde. Mas não dava para levantar depois das 5:00. O Helber e seus pais tinham que chegar em Bariloche por volta das 13:00, para garantir o vôo. Os demais tinham 13 horas de estrada pela frente. Combinamos de sair por volta das 6:00 para evitar problemas na fronteira.

Na vinda descobrimos que a fronteira próxima à Pucón só está aberta das 8:00 às 20:00. Combinamos de sair bem cedo para não corrermos o risco de ter uma fila enorme querendo passar a fronteira. Deu certo! Às 7:30, antes do Sol nascer, estávamos ao lado do vulcão Lanin e atrás de uma van de excursão.

O posto do Chile é bem organizado. Para sair tínhamos um passo a menos: era só dar a saída pessoal e passar pela aduana. Nada de barreira sanitária, do lado chileno. O pessoal separou a van em uma fila e tínhamos uma fila só para nós. Com isso gastamos pouco tempo nos trâmites de saída e fomos para o posto da Argentina.

Já sabíamos da desorganização desse posto e a imagem de 2 ônibus parados do outro lado da fronteira anunciava a demora. O posto da Argentina não tem sequer um espaço diferenciado para quem está entrando e para quem está saindo. Nos aventuramos todos nas filas dos 3 guichês. A demora foi só o tempo da fila. O resto da burocracia já conhecíamos: preencher o papel de entrada, mostrar a carta verde e esperar que tudo seja digitado no sistema. A aduana foi mais rápida ainda: “Traje frutas?”. Não e boa viagem...

Os abraços de despedida foram em Junín de Los Andes. Parte do grupo seguiu para o aeroporto, a outra parte para Neuquén. Ainda tínhamos um trecho de estrada juntos e não poderia ser em outro lugar: a Ruta 40. Nesse trecho ela é única, com uma sucessão de vales amplos e rios largos. Logo alcançamos uma represa enorme e na ruta 237 cada um seguiu para um lado.

Aqui bateu um sentimento de fim de viagem, de retorno para casa. As paisagens não motivavam mais tantas fotos, não haveria lugares tão espetaculares até voltarmos ao Brasil. Mas os olhos dos viajantes procuram por algo especial durante todo o trajeto. A Ruta 237 margeia o Rio Negro e por este pedaço há várias hidrelétricas, com suas grandes represas. O Rio Negro parece ser uma grande barreira para a fauna. Já não víamos os grupos de guanacos, nem tantos animais atropelados nas vias.

Essa é a rota principal entre Buenos Aires e a região de Bariloche. No caminho estava nosso ponto de parada para o almoço: a cidade de Neuquén. É a maior cidade de toda a Patagônia e seria o local do último almoço patagônico. Não resisti e pedi uma “milanesa a la patagônia”. Uma milanesa napolitana com direito à champgon e batas rústicas no lugar das tradicionais batatas fritas.

Escolhemos Foz para entrar no Brasil. Assim logo depois de Neuquén saímos da Ruta 237 e seguimos sentido norte. Estávamos em uma grande savana, com poucos animais e muitas estações de gás e petróleo. O encontro com caminhões tanque era frequente. As distâncias eram enormes no meio do deserto, foram quase 200Km até encontrar o Rio Colorado. Dezessete dias atrás o cruzamos mais próximo ao litoral e com isso entramos na Patagônia. Dessa vez o cruzamos em sentindo inverso, por cima de uma enorme barragem, dando um até breve à essa região única e cativante.

A longa viagem até Santa Rosa ficou ainda mais cansativa e a única diversão antes de chegar lá foi tirar fotos do por do Sol. Vê-se claramente o que a motivação faz com a pessoa. No começo da viagem enfrentamos distâncias similares com muito mais ânimo, comemorando cada tipo de plantação diferente que víamos pela frente. A chegada em uma cidade nova era chance de conhecer uma cidade nova, procurar um barzinho diferente para tomar uma Quilmes ou uma Corona. Santa Rosa seria só pouso, ainda temos muita estrada pela frente.

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